A recente onda de investigações envolvendo influenciadores investigados na CPI das Bets tem chamado a atenção do Brasil para as estratégias de publicidade e marketing utilizadas por casas de apostas online. Com uma lista extensa de nomes famosos que atuam na promoção desses jogos, a comissão parlamentar de inquérito busca esclarecer os contratos firmados, as cláusulas controversas e a influência exercida sobre o público, especialmente os jovens. Este cenário traz à tona discussões sobre a ética na publicidade digital e o papel dos influenciadores na popularização das apostas.
Os influenciadores investigados na CPI das Bets são figuras públicas que acumulam milhões de seguidores nas redes sociais e que, em muitos casos, receberam convocações para prestar depoimentos ao Senado. Entre os nomes mais notórios estão cantores como Gusttavo Lima e Wesley Safadão, além das influenciadoras Gkay e Jojo Todynho, todas envolvidas em campanhas publicitárias relacionadas a casas de apostas. A comissão busca compreender se houve incentivo irresponsável às apostas, uso de contratos que incluem bônus sobre perdas dos apostadores e a extensão do envolvimento dessas celebridades com as empresas de jogos.
Além dos convocados na condição de investigados, a CPI das Bets conta com uma série de testemunhas que também possuem vínculos com o setor, como os ex-participantes do Big Brother Brasil Viih Tube, Rodrigo Mussi e Eliezer. Essas testemunhas são obrigadas a comparecer e esclarecer as formas como os contratos de publicidade foram realizados, quais mensagens foram transmitidas e se tinham consciência do impacto das campanhas. O depoimento desses influenciadores é fundamental para entender a dinâmica do marketing das apostas e possíveis irregularidades.
A comissão ainda investiga se cláusulas contratuais conhecidas como “cláusulas da desgraça” estavam presentes nos acordos firmados entre influenciadores e casas de apostas, estabelecendo bônus financeiros que aumentam conforme o prejuízo dos apostadores. Essa prática, se comprovada, representa um grave problema ético, pois estimularia a perda de dinheiro entre o público apostador, muitas vezes vulnerável. Os influenciadores investigados na CPI das Bets são questionados diretamente sobre a existência desses acordos e sua participação na divulgação.
Outro ponto relevante abordado pela CPI das Bets é a regulamentação da publicidade das apostas online no Brasil. Atualmente, o cenário legal é pouco definido, o que tem gerado dúvidas e riscos de exploração comercial excessiva. O papel dos influenciadores, que exercem grande influência sobre jovens e consumidores digitais, torna a discussão ainda mais urgente. A comissão pretende usar os depoimentos para orientar futuras legislações que controlem a propaganda e protejam os usuários de práticas abusivas.
A investigação também ressalta o caso de Adélia Soares, ex-BBB e advogada, que possui ligações com empresas suspeitas de operar jogos ilegais no país. Embora a Justiça Federal tenha autorizado sua condução coercitiva, decisões judiciais recentes garantiram que ela não fosse obrigada a comparecer. Essa situação mostra como o processo enfrenta desafios jurídicos e políticos, além das complexidades de investigar setores altamente lucrativos e pouco regulamentados.
Além dos convocados obrigatoriamente, alguns influenciadores foram convidados a depor, podendo escolher se participarão ou não, como Felipe Neto e Mayk Santos. Esses nomes reforçam a amplitude do universo das apostas digitais e o envolvimento de celebridades variadas. O interesse da CPI das Bets em ouvir esses profissionais demonstra a importância de mapear toda a cadeia de divulgação e entender como as casas de apostas alcançam diferentes públicos.
Por fim, a presença dos influenciadores investigados na CPI das Bets evidencia a necessidade de maior transparência e responsabilidade na publicidade digital. A repercussão dessas investigações pode levar a mudanças significativas nas normas que regem a atuação dos influenciadores e das plataformas de apostas, protegendo consumidores e promovendo um ambiente mais seguro para o entretenimento online.
Autor: Lia Xan