Cresce o número de idosos afetados por infecções respiratórias graves no Brasil

Lia Xan
Lia Xan 5 Min Read
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Com a chegada do inverno, as infecções respiratórias entre a população idosa têm se tornado motivo de grande preocupação no Brasil. O aumento acelerado de casos de doenças como a gripe e a infecção por vírus sincicial respiratório está provocando um cenário alarmante nos hospitais. De acordo com dados atualizados da Fundação Oswaldo Cruz, os idosos são hoje o grupo mais vulnerável às complicações dessas doenças, ultrapassando inclusive a covid-19 como principal causa de mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave. Esse fenômeno exige ações emergenciais tanto do poder público quanto da sociedade civil para mitigar os impactos dessa crise silenciosa.

O avanço da idade reduz naturalmente a eficácia do sistema imunológico, tornando os idosos mais expostos aos efeitos severos das infecções respiratórias. Doenças como a gripe, que para adultos saudáveis podem ser apenas incômodas, nos idosos frequentemente resultam em hospitalizações prolongadas e até mesmo em óbito. O vírus sincicial respiratório, por exemplo, antes associado principalmente a crianças, tem demonstrado grande potencial destrutivo entre os maiores de 60 anos, especialmente aqueles com doenças crônicas associadas. Essa inversão no perfil de risco preocupa especialistas e reforça a necessidade de vigilância constante.

Entre os principais agravantes está a alta prevalência de comorbidades na população idosa, como insuficiência cardíaca, doenças pulmonares, diabetes e problemas renais. Essas condições fragilizam ainda mais a capacidade do corpo de reagir a agentes infecciosos como o vírus da gripe. Um simples quadro gripal pode desencadear descompensações graves que requerem internações em unidades de terapia intensiva. Um estudo da Fiocruz aponta que o risco de hospitalização por vírus sincicial respiratório é até 33 vezes maior entre idosos com insuficiência cardíaca em comparação com os que não possuem essa comorbidade.

A taxa de letalidade também preocupa. Segundo levantamentos realizados entre os anos de 2013 e 2023, a taxa de mortalidade por infecção de vírus sincicial respiratório entre idosos chegou a 26 por cento, número significativamente superior ao verificado entre crianças. Ainda mais grave é o impacto residual dessas infecções. Muitos idosos relatam perda de autonomia e dificuldades para retomar atividades simples do cotidiano, mesmo após a alta médica. Isso contribui para um declínio geral na qualidade de vida e aumento da dependência de cuidadores ou familiares.

A prevenção é o caminho mais eficaz para reduzir os danos causados pelas infecções respiratórias em idosos. A vacinação contra gripe e outros vírus respiratórios é uma das principais ferramentas à disposição da população e dos gestores públicos. Campanhas de imunização devem ser intensificadas, especialmente nas regiões com temperaturas mais baixas, onde a incidência de doenças respiratórias tende a crescer. A vacinação reduz não apenas a chance de infecção, mas também a gravidade dos sintomas e o risco de hospitalizações prolongadas.

Além da vacinação, outras medidas preventivas são fundamentais para conter o avanço das infecções respiratórias. A higienização frequente das mãos, o uso de máscaras em caso de sintomas gripais, a ventilação adequada dos ambientes e a limitação do contato com pessoas doentes são ações simples que têm grande eficácia. Essas práticas, que se popularizaram durante a pandemia de covid-19, continuam válidas e são especialmente relevantes para a proteção dos idosos em períodos de maior circulação viral.

É essencial que familiares, cuidadores e profissionais de saúde estejam atentos aos primeiros sinais de infecção respiratória em idosos, como febre, tosse persistente e dificuldade para respirar. A detecção precoce pode salvar vidas, pois permite o início rápido do tratamento e reduz o risco de complicações graves. Em muitos casos, os sintomas são confundidos com resfriados comuns e só recebem atenção médica quando o quadro já está avançado. A conscientização é uma ferramenta tão poderosa quanto qualquer intervenção clínica.

Diante desse cenário, é urgente a criação de políticas públicas que priorizem a saúde respiratória da população idosa. Investimentos em infraestrutura hospitalar, campanhas educativas e distribuição gratuita de vacinas são medidas indispensáveis. O país precisa encarar a saúde dos idosos como uma prioridade de saúde pública, não apenas por uma questão de justiça social, mas também para evitar a sobrecarga do sistema de saúde. O combate às infecções respiratórias em idosos deve ser permanente e sustentado ao longo do ano, especialmente nos períodos de maior risco climático.

Autor: Lia Xan

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