Conforme evidencia Paulo Twiaschor, a pandemia de COVID-19 foi um marco que escancarou as fragilidades das nossas cidades, residências e espaços de trabalho. Confinados por longos períodos, muitos sentiram os efeitos da falta de contato com a natureza, revelando uma questão até então negligenciada: o ambiente construído influencia diretamente nossa saúde física e mental.
Ansiedade, depressão, estresse crônico e sensação de aprisionamento aumentaram em populações urbanas densas, onde a presença de vegetação, luz natural e ventilação cruzada é escassa. Essas experiências coletivas evidenciaram que o acesso à natureza, mesmo que indireto. A arquitetura biofílica, ao integrar elementos naturais aos espaços do dia a dia, passou a ser vista não apenas como uma tendência estética ou sustentável, mas como uma ferramenta crucial de saúde pública. Confira!
Por que a arquitetura biofílica é mais do que uma moda?
Durante anos, a arquitetura biofílica foi encarada por muitos como um “luxo verde” ou um detalhe que valorizava empreendimentos de alto padrão. No entanto, as lições da pandemia demonstraram que seus benefícios vão muito além do visual. Estudos científicos reforçam que ambientes com plantas, ventilação natural, luz solar adequada e vistas para a natureza reduzem a pressão arterial, melhoram o humor, aumentam a produtividade e fortalecem o sistema imunológico.
Em um mundo que se viu refém de um vírus respiratório global, essas qualidades adquiriram nova urgência. Segundo Paulo Twiaschor, incorporar natureza aos ambientes urbanos se tornou uma medida de resiliência coletiva, tanto para melhorar a saúde individual quanto para fortalecer as defesas sociais contra futuras crises sanitárias.
Como o design biofílico se tornou uma estratégia de enfrentamento ao estresse urbano?
Com o crescimento das cidades e o adensamento populacional, as pessoas vivem cada vez mais afastadas de áreas verdes. A pandemia revelou o quanto isso é insustentável para o equilíbrio psíquico das populações. A arquitetura biofílica propõe uma inversão dessa lógica, reinserindo a natureza no cotidiano urbano por meio de soluções como jardins verticais, fachadas verdes, pátios internos com plantas nativas, uso de materiais naturais e o aproveitamento máximo da luz e ventilação naturais.

Essas intervenções reduzem significativamente os níveis de cortisol (o hormônio do estresse), promovendo um ambiente mais saudável e acolhedor, pontua Paulo Twiaschor. Em vez de buscar a natureza apenas nos fins de semana ou feriados, as pessoas passaram a reivindicar o direito de conviver com ela diariamente, inclusive dentro de suas casas e locais de trabalho.
Como políticas públicas podem incentivar a biofilia urbana?
Para que a arquitetura biofílica deixe de ser uma exceção e se torne regra, é fundamental que haja incentivo por parte do poder público, destaca. Códigos de obras e zoneamento urbano podem prever obrigatoriamente áreas verdes em empreendimentos, corredores ecológicos, tetos e paredes verdes, além da proteção e ampliação de parques e praças.
Incentivos fiscais para construções sustentáveis, programas de urbanismo tático com foco em biofilia e parcerias com a iniciativa privada são caminhos possíveis. A pandemia mostrou que o acesso à natureza não pode depender da renda de cada um — deve ser garantido como direito universal, um bem comum promovido por políticas públicas inclusivas e integradas.
Em suma, Paulo Twiaschor frisa que empresas também perceberam que ambientes mais saudáveis aumentam a satisfação, o desempenho e a retenção de seus colaboradores. Incorporar princípios da biofilia em escritórios, coworkings e indústrias se tornou uma vantagem competitiva. Elementos como iluminação natural, vegetação interna, espaços de descanso ao ar livre e uso de cores e texturas inspiradas na natureza impactam positivamente na produtividade e no clima organizacional.
Autor: Lia Xan